fevereiro 08, 2020

Potiguar que mora em Wuhan, epicentro do coronavírus, decide não retornar ao Brasil: 'custa caro voltar depois'

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Rodrigo disse que custos para voltar à China pesaram e teme impacto econômico causado pelo coronavírus — Foto: Arquivo Pessoal

O professor de judô potiguar Rodrigo Duarte, que mora em Wuhan, na China, cidade apontada como epicentro do coronavírus, decidiu não voltar ao Brasil com os brasileiros que solicitaram a repatriação junto ao Ministério das Relações Exteriores. Vivendo desde 2016 na cidade, ele disse que se sente seguro, teme o impacto financeiro causado pelas infecções e pelo medo além do preconceito com os chineses.

Segundo Rodrigo, a decisão dele foi tomada por motivos pessoais, já que possui vida estabilizada no país asiático. "Por incrível que pareça eu me sinto tranquilo. Se fosse em outro país, acho que não me sentiria assim", disse. Ele se mudou para o país em 2016 e abriu uma academia de judô que está fechada desde o dia 18 de janeiro em virtude do aumento de infecções registradas em Wuhan.

Rodrigo disse que manteve contato com outros brasileiros que vivem na cidade, mas não chegou a entrar em detalhes com eles sobre a decidir permanecer. Entre os argumentos que pesaram na decisão de não voltar ao Brasil, estão os gastos para retornar ao país asiático após controle do vírus. "Não me passou [pela cabeça] o medo de não conseguir voltar. Mas as despesas, sim. Custa caro voltar. Uns R$ 5 mil, no mínimo", contou.

Duarte disse que vê com preocupação um preconceito que tem crescido em relação aos chineses e definiu como "muito ruim" o medo causado pelo coronavírus. "Acho importante diminuir o medo na população. O impacto disso vai ser gigantesco. Principalmente econômico", relatou.

Ele falou que não considera a crise como um "fim do mundo" e lida com tranquilidade com o isolamento. "Pessoalmente, não é difícil ficar em casa com minha namorada, aprendendo chinês, comendo bem, assistindo filme e jogando videogame", contou.

Nos últimos dias, o professor relatou que houve mudança no horário de funcionamento dos supermercados. Segundo o potiguar, houve um maior controle no número de pessoas dentro dos comércios e também na limpeza nos locais. Ele relatou que agentes de um centro comunitário local passaram a ir de casa em casa para monitorar a temperatura da população e verificar se elas precisavam de algum medicamento.

Fonte: G1/RN