fevereiro 02, 2021

Política de preços de combustíveis traz prejuízos ao setor produtivo, alerta senador Jean-Paul Prates

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Por Débora Rolando – via Alter Conteúdo

Com mais de 25 anos de atuação nas áreas de petróleo, gás natural, biocombustíveis, energia renovável e recursos naturais, o senador Jean-Paul Prates (PT-RN) avalia que atual política de preços de combustíveis da Petrobrás está trazendo prejuízos para o setor produtivo nacional. “Essa política de alta de preços prejudica o setor produtivo como um todo, da indústria ao agronegócio brasileiro”, alertou o senador.

Depois de aumentar em R$ 0,15 o preço médio do litro da gasolina vendida nas refinarias no último dia 18, agora, a atual gestão da Petrobrás decidiu subir os preços da gasolina e do diesel entregue às distribuidoras a partir desta ontem (27). A medida atende à pressão de importadores de combustíveis, representados pela Abicom. Ao ceder diante das investidas dos importadores, a Petrobrás estimula a volatilidade de preços no mercado interno e reforça sua estratégia de privatização.

Na visão do senador, que é advogado e economista, a estratégia adotada pela atual diretoria da Petrobrás desde 2018 vai na contramão da implementada por governos anteriores, inclusive militares, que atuaram para buscar uma autossuficiência possível na produção e refino no país, visando justamente a oferecer algum conforto relativo para o setor produtivo nacional. “A gente foi para o extremo oposto, com o preço do combustível oscilando na bomba em tempo real de acordo com o preço internacional e a paridade internacional. Em muitos casos, o preço do combustível brasileiro é mais alto do que em outros países. Quem se criou nesse ambiente foram os importadores. O mercado brasileiro virou o paraíso para os importadores”, disse Prates.

Embora o Brasil seja considerado autossuficiente em petróleo, ainda depende da importação do recurso porque a Petrobrás não tem capacidade de refinar o petróleo brasileiro sozinha e também porque essas refinarias estão sendo subutilizadas desde 2018, quando a capacidade começou a ficar ociosa, em torno em 25%. “Um dos erros do atual governo é deixar as refinarias à meia-bomba, hoje com cerca de 60% da capacidade, visando a estimular a concorrência. Por que trazer para o ambiente interno as instabilidades do mercado externo? Não se trata de isolar o Brasil do resto do mundo, mas não precisamos praticar preços a tempo real sem nenhum colchão de amortecimento”, observou o senador.

O atual projeto de privatização das refinarias da Petrobras vai eliminar esse colchão utilizado em outras ocasiões para amortecer a diferença de preços internos e internacionais. “A ideia de vender as refinarias é um erro crasso. As refinarias foram criadas para serem complementares. Funciona bem como empresa estatal”, explicou.

O resultado deste processo, completou o senador, é que o brasileiro paga hoje um preço igual ao do Japão, que não tem uma gota de petróleo, mas tem refinaria. “Estamos virando uma Tuvalu energético, refém dos importadores”, completou, em referência a um Estado da Polinésia formado por um grupo de nove ilhas e atóis, na Oceania. Estudo realizado pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (INEEP) aponta que o preço do óleo diesel no Brasil é o segundo mais caro do mundo, só perdendo para a Alemanha.

Fonte: Revista fórum