abril 21, 2022
Bolsonaro cresceu, mas cenário segue favorável a Lula, diz analista
Um comentário | Deixe seu comentário.Ex-presidente Lula. Foto: José Aldenir
As pesquisas eleitorais de intenção de votos para presidente da República mostram que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua como favorito dos eleitores brasileiros, seguido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), em segundo lugar. No entanto, de umas semanas para cá, o que se percebe é uma estagnação do petista e um leve crescimento do atual presidente, que busca sua reeleição. Há várias suposições para esse cenário, no entanto, é preciso analisar várias situações que envolvem a disputa eleitoral, conforme explicou o professor do Departamento de Políticas Públicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Alan Lacerda.
O especialista disse que existem vários indicadores que podem esclarecer os números que estão refletindo nos resultados das pesquisas eleitorais. Um deles é a retirada do nome do ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro (União Brasil) da lista de pré-candidatos testados, o que teria provocado um leve descompasso na disputa eleitoral.
“Quando você olha os números mais de perto, existe um indicador chamado avaliação positiva, que é o eleitor que acha o governo ótimo ou bom. Nas pesquisas, esse indicador de pessoas que acham o governo Jair Bolsonaro ótimo cresceu um pouquinho, estava em 25% agora está em 28%, 29% do eleitorado”, explicou, deixando subentendido que esse pequeno aumento é a variante que aproxima o presidente do ex-presidente Lula nas pesquisas eleitorais.
Na avaliação de Alan Lacerda, esse detalhe puxou para cima a intenção de voto, que é outro indicador, daquelas pessoas que dizem ‘não irei votar nesse candidato’, quando eram apresentados a elas a nominata com o conjunto de nomes. O que aconteceu foi basicamente isso”, explicou.
Segundo o professor, houve uma melhora, talvez a liberação de recursos financeiros como o FGTS e o Auxílio Brasil, que beneficiou sobretudo os mais carentes, mas o fato é que as condições econômicas no país permanecem ruins e dificultam a reeleição.
“Houve sim uma leve melhora, no entanto, o ex-presidente Lula ficou onde estava, continua sendo o primeiro lugar, inclusive quando você computa os votos válidos é perto dos 50%, o que quer dizer que a eleição está muito configurada de maneira favorável para Lula”, ressaltou.
E continuou: “Eu não diria favoritismo de Bolsonaro, pois acho que o favoritismo ainda é de Lula, mas digamos que existe uma leve melhora no indicador do atual presidente. As pessoas saíram do contexto da pandemia de Covid-19 se sentindo um pouco melhor e isso sempre favorece quem está no poder. Mas, tudo é especulação. Tem também o Auxílio Brasil, mas a gente não sabe se está bem focalizado e se está atendendo aos mais pobres. Esse público, pelo que entrei nas pesquisas, continuam indicando intenção de voto no ex-presidente Lula”.
O professor reconheceu que o cenário econômico no Brasil ainda é complicado, uma vez que existem os juros do Banco Central que podem refletir negativamente no bolso dos brasileiros e isso poderá impactar no crescimento de Jair Bolsonaro nas pesquisas de voto.
Em relação às pesquisas futuras que avaliarão a preferência dos eleitores sobre Lula, Bolsonaro e um eventual candidato de terceira via, o professor afirmou que não vale apenas “prever” números das testagens, porque elas têm uma variação e a maioria das pesquisas que vêm indicando uma vantagem do primeiro para o segundo colocado, por exemplo, Lula e Bolsonaro, na casa de quatorze pontos e outras que indicam menos.
“Se for retirada uma média dos últimos dois meses, a vantagem de Lula é um pouco maior, dependendo do Instituto de sondagem. Tenho dúvidas se o cenário Lula-Bolsonaro irá mudar muito, eu não apostaria. Na verdade, olharia para possíveis surpresas que possam ocorrer de repente Simone Tebet ou Ciro Gomes se consolidar em terceiro lugar”, refletiu.
Polarização
Sobre a polarização entre Lula e Bolsonaro, Alan Lacerda disse que é muito difícil mudar esse cenário montado. “Acredito que as eleições de outubro, não sei com que percentual, porque tem a questão se haverá segundo turno ou não, mas acredito que, em primeiro lugar, virá o ex-presidente Lula e em segundo, Bolsonaro”, disse.
Ele disse ainda que não dá para prever, neste momento, mas que acredita que é improvável que Ciro Gomes (PDT), que parece ser o terceiro lugar, substitua Bolsonaro. “É uma distância em pontos muito grande. Simone Tebet, caso seja candidata, poderá ameaçar Ciro, mas de qualquer maneira, a minha opinião é de que é improvável, não vejo Ciro no segundo turno”, pontuou.
“Há espaços para outros candidatos, não há nenhuma indicativa de que haverá uma desistência geral, mas o eleitorado de Lula e Bolsonaro é muito grande, existem possibilidades de surgirem outros nomes e os eleitores que não desejam votar em um dos dois Bolsonaro ou Lula, podem optar por outro candidato, essas opções vão existir”, finalizou.
Fonte: Agora RN