outubro 21, 2022

Governo despejou R$ 21 bilhões extras na mão de eleitores durante campanha

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Jair Bolsonaro está usando a máquina pública a seu favor na corrida presidencial de 2022Imagem: Thiago Ribeiro / Agif / Estadão Conteúdo

Desde agosto, mês de início da campanha eleitoral, o governo federal aumentou em pelo menos R$ 21 bilhões os repasses de dinheiro direto para eleitores que são beneficiários de programas sociais.

O ritmo da transferência de recursos para os eleitores ganhou velocidade em outubro, enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) tenta reverter a diferença de 6,2 milhões de votos que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve no primeiro turno.

Não é possível saber o número total de pessoas impactadas pelo montante porque cada uma pode receber mais de um benefício. Para referência, o total de beneficiários do Auxílio Brasil é de 21,1 milhões de pessoas —em famílias que vão de uma a oito pessoas. Os cálculos foram feitos pelo UOL a partir de dados oficiais e consideram sete mudanças na concessão de benefícios ocorridas a partir de agosto. Procurada, a Presidência da República não respondeu. A medida de maior impacto é o aumento de R$ 400 para R$ 600 no Auxílio Brasil, válido de agosto a dezembro. A mudança destinou aos beneficiários R$ 10,9 bilhões adicionais, até agora.

Outros R$ 4,6 bilhões foram gastos com 3 milhões de novos beneficiários que entraram no programa desde agosto —só em outubro, houve um acréscimo de quase 500 mil beneficiários. Antes disso, de fevereiro a julho, o número de beneficiários tinha ficado estável. O resultado está se refletindo nas pesquisas. De acordo com o Datafolha de 19 de outubro, em apenas cinco dias, Bolsonaro foi de 33% para 40% entre quem diz receber Auxílio Brasil. Já Lula passou de 62% para 56%.

Já após o primeiro turno, a Caixa Econômica Federal começou a conceder dinheiro para beneficiários do Auxílio Brasil e do Benefício de Prestação Continuada (BPC), com um empréstimo consignado cujo lastro é o próprio valor mensal pago pelo governo. Em apenas três dias de operação, de 11 a 13 de outubro, a Caixa distribuiu R$ 1,8 bilhão aos beneficiários dos programas sociais (em média, R$ 2.600 em cada empréstimo, cuja taxa de juros é de 50% ao ano). O UOL solicitou dados atualizados, mas a Caixa —um banco público com dever de dar transparência a seus atos— não respondeu. Outras 13 instituições financeiras privadas foram autorizadas a emprestar o consignado do Auxílio Brasil.

A reportagem entrou em contato com todas. Confirmaram ter concedido créditos: Banco Pan e Zema Financeira —ligada à família do governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), apoiador de Bolsonaro. As instituições, no entanto, não informaram o volume emprestado. O Banco Pan já teria ultrapassado R$ 1 bilhão, segundo coluna de Míriam Leitão no jornal O Globo —valor não incluído nos cálculos do UOL.