setembro 10, 2023

Sonhos que se repetem: você costuma ter? Veja relatos e saiba o que diz a medicina e a psicanálise

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Imagem ilustrativa mostra pessoa dormindo e, como plano de fundo, cenário rachado simbolizando período abstrato do sonho — Foto: Unsplash
  • “Sonho sempre que estou caindo de um lugar muito alto e acordo antes de bater no chão.”
  • “Nos sonhos, estou atravessando a rua ou precisando correr, mas minhas pernas ficam travadas e não consigo mexer.”
  • “Sonho que preciso gritar ou avisar alguém que algo ruim vai acontecer, tipo o botijão de gás prestes a explodir, mas minha voz não sai.“
  • “Sonho frequentemente que meus dentes estão apodrecendo ou caindo.“
Estes são alguns dos relatos de pessoas que têm sonhos que se repetem. Segundo elas, não há uma frequência exata, mas, vez ou outra, os mesmos sonhos costumam voltar. O que isso significa?

Tanto a psicanálise, quanto a medicina, podem responder. Segundo o professor da Universidade de Brasília (UnB) Nonato Rodrigues, especialista em medicina do sono, sonhos repetitivos representam, normalmente, algo impactante vivido em algum momento da vida ou durante um período.

De acordo com o médico, estresses pós-traumáticos são a causa mais comum dos sonhos repetitivos.

“Estresse pós-traumático não necessariamente precisa ser um evento catastrófico. Tem pessoas que foram maltratadas pelo pai ou pela mãe na infância, por exemplo, ou aquelas que sofreram na escola quando eram pequenas. Tudo isso pode desencadear um estresse pós-traumático”, diz o médico.

Para a psicanálise, o sonho é uma linguagem do inconsciente. Assim, os sonhos seriam manifestações que revelam desejos reprimidos.

Quando a temática do sonho se repete com frequência, é porque os sonhos têm conteúdos que estão ligados a situações emocionais que não foram bem resolvidas.
‘Válvula de escape’

O professor Nonato Rodrigues explica que tudo o que uma pessoa vive durante o dia serve de aprendizado, ainda que ela não perceba. As vivências são guardadas na memória e, durante a noite, o cérebro volta nessas vivências para “fazer” o sonho.


“O cérebro vai mais ou menos recolhendo nas diversas gavetinhas da nossa mente aquilo que ele pode usar para fazer o sonho. E por que a gente sonha? Por questões fisiológicas de limpeza do cérebero, de aumento de energia do cérebro, mas a gente também sonha por razões psicológicas”, diz Nonato.

O professor exemplifica que, assim como uma panela de pressão, a mente humana também precisa de uma “válvula de escape”.

“O sonho também serve para tirar de nós o excesso de pressão com as coisas que nós vivemos”, pontua.

O sonho está mais associado à fase do sono conhecida como Movimento Rápido dos Olhos (REM, na sigla em inglês). Às vezes, o REM também é chamado de sono dessincronizado, uma vez que pode imitar alguns sinais de quando o corpo está acordado.

Durante essa fase, os olhos se movem rapidamente, há alterações na respiração e na circulação, e o corpo entra em um estado de paralisia, conhecido como atonia. Acontece em ondas de 90 minutos durante o sono, e é nesse estágio que o cérebro tende a sonhar, já que há uma intensa atividade nessa região.

O lóbulo frontal, no entanto, responsável pelo senso crítico, fica em repouso. Por isso, a pessoa costuma aceitar cegamente o que está acontecendo nas narrativas muitas vezes sem sentido dos sonhos, até acordar.

Fonte: g1